Você olha para o lado e vê outras pessoas avançando. Carreiras decolando, famílias formadas, projetos realizados. E então, vem o pensamento incômodo: “Será que eu estou atrasada?”. Mas eu te digo, com toda a verdade que a vida me ensinou: você não está atrasada — está no seu tempo de florescer.
Vivemos cercadas por comparações. Nas redes sociais, na roda de conversa, nas expectativas silenciosas de quem espera que sejamos bem-sucedidas, amáveis, magras, estáveis, resolvidas — tudo ao mesmo tempo. Mas existe algo que ninguém conta: cada mulher floresce no seu tempo. O ritmo da alma não segue o relógio do mundo.
A mentira do tempo linear
Nos fizeram acreditar que existe uma linha do tempo universal. Que até os 30 já deveríamos estar casadas, com filhos, carreira estabelecida, vida organizada. Mas essa cronologia é uma armadilha. O tempo da vida não é uma reta — é um ciclo. E cada mulher tem seu próprio ciclo de germinação, crescimento e florescimento.
Clarissa Pinkola Estés, em Mulheres que Correm com os Lobos, afirma que “a alma feminina tem ciclos e estações próprios. Ignorá-los é perder-se de si mesma.” E é exatamente isso que acontece quando tentamos caber em cronogramas que não foram feitos para nós.
A sabedoria dos ciclos naturais
A natureza não apressa a flor. O girassol floresce quando encontra sol e solo fértil. A macieira dá frutos no outono, não na primavera. E nenhuma dessas espécies é menos valiosa por florescer em outro tempo. Nós, humanas, também temos um tempo de florescer.
Em Eclesiastes 3:1 (NVT), lemos: “Para tudo há uma ocasião certa; há um tempo certo para cada propósito debaixo do céu.” Esse é um convite à aceitação do tempo sagrado da vida. Não estamos atrasadas — estamos amadurecendo.
Sêneca, o estoico, nos lembra: “Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde vai.” E às vezes, a pausa, o tempo de espera, é o momento em que reencontramos nossa direção.
Quando pensei que estava fora do tempo
Houve um momento em que tudo à minha volta parecia andar em ritmo acelerado. Amigos conquistando cargos altos, realizando projetos grandiosos, enquanto eu questionava minhas escolhas e me perguntava se havia ficado para trás. Mas foi justamente nessa fase de silêncio e introspecção que compreendi algo valioso: eu não estava atrasado — estava amadurecendo.
Foi nesse tempo de reflexão que me aproximei mais do que realmente fazia sentido para mim. A inquietação deu lugar a um reencontro com o propósito. E quando escrevi Nunca duvide que você é especial, não foi em meio a conquistas brilhantes, mas na travessia entre o que fui e o que estava me tornando. Esse livro nasceu do reconhecimento de que cada jornada tem um tempo certo — e esse tempo não se mede em relógios, mas em sentido.
Foi ali que entendi: a demora, às vezes, é gestação. É preparação para algo mais profundo. É silêncio que antecede a primavera.
Histórias de florescimento fora do script
A mulher que começou a empreender aos 52
Marina passou a vida dedicada à família. Quando os filhos cresceram, decidiu abrir um café literário — sonho que guardava há décadas. Ouviu que “já não era idade pra isso”, mas seguiu. Hoje, seu espaço é ponto de encontro na cidade. “Eu não estava atrasada. Eu estava esperando minha hora”, diz.
A artista que só expôs seus quadros aos 40
Renata pintava desde os 18. Mas só aos 40 teve coragem de mostrar seu trabalho ao mundo. Sua primeira exposição foi um sucesso. “Passei anos achando que tinha perdido o tempo. Mas descobri que estava cultivando meu estilo. E ele floresceu quando estava pronto.”
A pressão invisível que sufoca
Não são só prazos externos que nos esmagam. São também os julgamentos internos. O “já devia ter conseguido”, o “todo mundo menos eu”, o “fiz tudo errado”. Mas esses pensamentos não são verdades — são reflexos de um modelo de sucesso que não respeita a subjetividade.
A escritora Elizabeth Gilbert, em Grande Magia, escreve: “A criatividade floresce melhor na gentileza, não na pressão.” O mesmo vale para a vida. Você floresce melhor quando se acolhe — não quando se cobra.
Como abraçar o seu tempo de florescer
1. Honre seu ritmo
Se ouvir é o primeiro passo. Pergunte-se: o que eu preciso agora? Onde dói? O que me inspira? Responder a essas perguntas com honestidade é mais importante do que cumprir qualquer meta imposta.
2. Cerque-se de vozes que nutrem, não que cobram
Você precisa de gente que te lembre da sua potência — mesmo quando ela ainda não floresceu. Que celebre cada broto, não só os frutos.
3. Celebre as estações silenciosas
O inverno é necessário. É nele que a raiz se fortalece. Que a terra descansa. Que a alma se escuta. Não apresse a primavera. Confie no seu ciclo.
4. Reescreva sua narrativa
Você não está atrasada — está viva. Em movimento. Em transformação. Em preparo. Dê um novo significado para cada fase. Mesmo a espera pode ser um espaço de criação.
5. Lembre-se de que o tempo é aliado, não inimigo
O tempo cura, ensina, amadurece. O que hoje parece estagnação, amanhã pode ser o solo fértil de onde nascerá sua nova versão.
Sua hora vai chegar — do seu jeito, no seu tempo
Não permita que a pressa do mundo abafe a delicadeza do seu processo. Você não está atrasada — está no seu tempo de florescer.
E quando essa flor desabrochar, vai valer cada segundo da espera. Porque florescer no próprio tempo é a forma mais autêntica de viver.
E agora, o que você me diz!
Se esse texto te tocou, compartilhe com uma mulher que está se comparando, se cobrando, se sentindo “para trás”. Diga a ela — e a si mesma — que o florescimento não tem data. Tem alma. Tem ciclo. Tem verdade.
E se quiser compartilhar seu processo comigo, me escreva. Florescer é mais bonito quando a gente reconhece o jardim que já está nascendo — mesmo antes da flor aparecer.